Iluminação pública é um tema complexo e cercado por mitos e percepções, ela é frequentemente tratada apenas como uma questão estética ou técnica, quando, na verdade, envolve planejamento urbano, eficiência energética, segurança, saúde pública e cidadania.
A nova série do CePIL, “Desmistificando a Iluminação”, chega para esclarecer os principais equívocos sobre o tema. Vamos abordar um mito comum e explicar, com base em evidências técnicas e acadêmicas, o que realmente importa quando falamos de luz no espaço urbano.
🔎 Mais luz nem sempre significa mais segurança?
🔎 LED é sempre a melhor escolha?
🔎 Iluminar impacta o meio ambiente?
Mito 1 : “Quanto mais forte a luz, mais segura a rua”
🔦 Realidade:
Nem sempre mais luz significa mais segurança. A qualidade da iluminação, seu posicionamento, uniformidade e temperatura de cor são mais importantes do que a intensidade isolada. Luz excessiva pode criar sombras intensas ou ofuscar a visão.
🔎 A boa iluminação é aquela que permite ver e ser visto com conforto e segurança, sem gerar poluição luminosa.
📚 Fonte: IESNA Lighting Handbook; CIE 115:2010.
Mito 2 : “LED sempre é a melhor opção, em qualquer caso”
💡 Realidade:
A tecnologia LED é altamente eficiente, mas sua aplicação deve considerar o contexto. Ambientes históricos, naturais ou com fauna sensível, por exemplo, podem exigir luzes com espectro específico ou menor intensidade.
🔎 LEDs são ótimos — mas, como qualquer tecnologia, precisam ser bem planejados.
📚 Fonte: Royal Commission on Environmental Pollution (UK), Lighting and the Environment Report.
Mito 3 : “Iluminação pública é apenas uma questão estética”
🎨 Realidade:
Embora a iluminação contribua para a valorização visual de espaços urbanos, ela cumpre funções essenciais: segurança, mobilidade, uso noturno de áreas públicas, inclusão e até estímulo ao comércio local.
🔎 A luz pública é infraestrutura urbana básica, como saneamento e transporte.
📚 Fonte: ONU-Habitat (2011), Cities and Public Spaces Report.
Mito 4 – Lâmpada branca é sempre melhor que a amarela
🌕 Realidade:
Luzes brancas (como as de LED frio) oferecem maior reprodução de cor, mas podem causar desconforto visual, interferir no ciclo circadiano e atrair insetos. Já luzes amareladas (mais quentes) são mais confortáveis e ideais para áreas residenciais.
🔎 A melhor cor da luz depende do uso, do ambiente e do público-alvo.
📚 Fonte: American Medical Association – Report on LED Street Lighting, 2016.
Mito 5 : “A iluminação pública consome a maior parte da energia das cidades”
⚡ Realidade:
Embora importante, a iluminação pública representa em média 2% a 5% do consumo energético total das cidades. O maior consumo urbano está em edificações e transporte.
🔎 Mas é justamente por isso que vale a pena torná-la mais eficiente: seu impacto é direto nos gastos públicos.
📚 Fonte: International Energy Agency (IEA), 2020.
Mito 6 : “Iluminação pública é responsabilidade da concessionária de energia”
🏛️ Realidade:
Desde a Resolução 414/2010 da ANEEL, a responsabilidade pela gestão da iluminação pública (IP) foi transferida aos municípios brasileiros. Eles devem gerir, manter e planejar a rede de iluminação.
🔎 A iluminação pública é política pública municipal — e deve ser tratada como tal.
📚 Fonte: ANEEL, Resolução Normativa nº 414/2010.
Mito 7 : “Mais postes resolvem o problema da iluminação”
🪫 Realidade:
Aumentar o número de postes sem planejamento pode causar superiluminação, sombreamento entre pontos e desperdício. A distribuição da luz deve ser uniforme e ajustada ao tipo de via e uso urbano.
🔎 Não se trata de “quantidade”, mas de “qualidade” e “eficiência fotométrica”.
📚 Fonte: ABNT NBR 5101:2012 – Iluminação Pública.
Mito 8 : “Iluminação pública não interfere no meio ambiente”
🌿 Realidade:
A luz artificial noturna pode afetar ecossistemas inteiros: desorienta aves migratórias, impacta a reprodução de insetos e atrapalha ritmos biológicos de animais e humanos.
🔎 Iluminar com responsabilidade também é proteger o meio ambiente.
📚 Fonte: Gaston, K. J. et al. (2013). The ecological effects of nighttime light pollution.
Mito 9 : “Uma cidade bem iluminada é automaticamente mais sustentável”
♻️ Realidade:
Iluminar bem é diferente de iluminar demais. Sustentabilidade na iluminação envolve eficiência energética, controle de resíduos, manutenção adequada, controle de ofuscamento e redução da poluição luminosa.
🔎 Iluminar bem é iluminar o suficiente, com a tecnologia certa e o consumo mínimo.
📚 Fonte: CIE 150:2017 – Guide on the Limitation of the Effects of Obtrusive Light.
Mito 10 : “Iluminação pública não precisa de planejamento técnico”
📐 Realidade:
A implementação de projetos de iluminação exige conhecimento em engenharia, fotometria, urbanismo, legislação e meio ambiente. A ausência de planejamento técnico pode causar riscos, custos excessivos e ineficiência.
🔎 Luz é ciência, técnica e política pública — não improviso.
📚 Fonte: Illuminating Engineering Society (IES); Manual de Iluminação Pública – PROCEL EPP
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